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Netflix e a fórmula do sucesso de Stranger Things: cultura pop + nostalgia alinhadas com uma das melhores estratégias de marketing dos últimos tempos

Stranger Things: a receita perfeita que misturou ficção científica, suspense e sobrenatural que deu origem a um dos cases de sucesso da Netflix

A aposta que deu certo! Sucesso de audiência e cheia de referências da década de 80, a série Stranger Things, criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer e produzida originalmente pela empresa Netflix, traz uma mistura entre ficção científica, terror, drama, suspense e paranormalidade que fisgou o público desde a primeira temporada.

Após 6 anos desde a data de estreia em 2016, nesta sexta-feira, dia 27/05/2022, a plataforma aposta mais uma vez na receita infalível do sucesso e lança a 4ª temporada da série.

Carregada de referências dos anos 80, principalmente a outras produções de sucesso como Poltergeist – O Fenômeno (1982), O enigma de outro mundo (1982), Evil Dead – A Morte do Demônio (1982) e Os Goonies (1985), a série conta com trama bem amarrada e completa do início ao fim. 

Com uma chamada apelativa e nostálgica, a produção traz uma estética retrô, com cores vintage, uma trilha sonora escolhida minuciosamente e grandes nomes do cinema estadunidense, como a atriz Winona Ryder.

Homenageando uma das décadas mais queridas e nostálgicas do século XX e protagonizada  por atores mirins, a produção atrai diversos públicos e brinca com uma mistura entre o tradicional e o contemporâneo, o que chama a atenção do telespectador.

  • Mas o que esse sucesso tem a ver com marketing?

Hoje mais forte do que nunca, a indústria de entretenimento caminha de mãos dadas com o marketing, seja on ou offline. Os mesmos critérios de criatividade e inovação utilizados nas grandes produções cinematográficas têm se mostrado cada vez mais presentes na produção audiovisual para marketing.

Stranger Things traz um roteiro bem elaborado, num enredo repleto de elementos vintage, que exploram a nostalgia e a cultura pop dos anos 80, e toda a comunicação alinhada à essa estética acaba por atrair de forma certeira e magnética o público-alvo para esse tipo de conteúdo. 

Nesse ponto, a Netflix não deixa a desejar. Classificada como a maior plataforma de streaming do mundo, a multinacional conta com um excelente posicionamento de marca e utiliza táticas de atração viral e imersiva que geram um enorme engajamento tanto na própria plataforma quanto nas redes sociais – o público  consome, fala, divulga e assim, a plataforma continua crescendo.

Essas táticas estão diretamente ligadas ao inbound marketing ou marketing de atração. Ou seja, a plataforma cria um conteúdo direcionado a um público específico com o fim de comunicar e atrair o cliente, visando estabelecer um relacionamento duradouro entre empresa e usuário.

Nesse sentido, a série Stranger Things traz, além de uma produção impecável e um elenco certeiro, estratégias de marketing e direcionamento a um público-alvo que nem sequer sabe que, ao decorrer de cada episódio, está emergindo dentro do mundo do marketing e comunicação.

Fizemos uma breve análise acerca de alguns pontos específicos que remetem diretamente às estratégias de marketing contidas na série.

– A jornada do herói e o storytelling perfeito

A série foi pensada e executada com um storytelling perfeitamente sincronizado, se utilizando da jornada do herói.  Essa pode ser considerada  uma das características mais marcantes da produção.

A jornada do herói (ou monomito) é uma estrutura utilizada em produções literárias ou cinematográficas com o intuito de contar a história de um protagonista que enfrenta diversos desafios e percalços pelo caminho até chegar ao seu objetivo final. 

Assim como quem assiste, ele sofre, luta, é injustiçado e geralmente ao final, acaba por ser recompensado e reconhecido como herói. A catarse é inevitável e quando percebemos já estamos envolvidos demais para não torcer pelo mocinho da trama.

Em Stranger Things, um garoto (Will) desaparece e o xerife da cidade (Hopper) inicia uma operação de busca, ao mesmo tempo em que o grupo de amigos de Will (Lucas, Mike e Dustin) também decide encontrá-lo. Durante a busca, os meninos são levados a uma seção de experimentos governamentais e lá encontram Eleven, uma garota peculiar que fazia parte dos testes efetuados pelo governo estadunidense.

As primeiras análises sobre essa sinopse são: 

  1. Eleven e os garotos possuem a incumbência de descobrir o paradeiro de Will enquanto enfrentam inúmeras adversidades ao longo do caminho;
  2. Há vilões e impedimentos que trazem suspense e preocupação à trama;
  3. Will pode ser classificado como o “prêmio” final do herói; ou em alguns momentos, como o próprio herói.
  4. Possivelmente ao final, o grupo atingirá seu objetivo e finalizará a jornada com honra (mas isso só maratonando a temporada pra saber, certo?)

– Utilização de gatilhos mentais poderosos

Os produtores apostaram, ainda que indiretamente, no emprego de gatilhos mentais poderosos que prendem o telespectador do início ao fim, desde o primeiro episódio. 

Amor maternal, amizade, família e nostalgia: de alguma forma todos esses valores nos tocam, às vezes de formas positivas, outras nem tanto. Mas o importante aqui não é concordar, é conectar. 

No marketing, esse é um gatilho muito utilizado principalmente no ramo das vendas, de um produto ou serviço, despertando no cliente algo que já existe dentro dele, seja por afinidade ou por falta. Essa familiaridade gera conexão profunda, e por consequência, fidelização. 

– Conhecimento do público-alvo (persona bem direcionada)

Como falamos acima, a série em si é focada em elementos nostálgicos e cheios de significado que despertam a atenção de uma audiência específica – principalmente aqueles que viveram os anos 80.

Assim, uma das estratégias utilizadas pelos criadores é: conhecer o público-alvo para o qual se está falando. É essencial saber o que e para quem você está comunicando algo. 

Em Stranger Things, essa comunicação se dá com a criação de um cenário que conversa com uma determinada esfera social em uma trama com identidade específica, focada na cultura pop nostálgica. Tudo isso muito bem contextualizado e com uma linguagem coerente. Ou seja, os produtores focaram em uma persona e acertaram em cheio.

– Formas de divulgação e o marketing de atração

A Netflix, sempre atenta aos algoritmos e acompanhando quais as preferências do seu público, vem mapeando de forma precisa o que esse público quer ver. Dessa forma, consegue desenhar campanhas bem direcionadas e efetivas.

Além de utilizar diferentes formatos em plataformas variadas, como a TV aberta e até mesmo o Spotify, algumas temporadas foram lançadas em datas comemorativas – e até trouxeram episódios temáticos. Apesar de não sabermos com certeza o motivo, o que sabemos é que isso gerou muito interesse e especulação por parte do público. Mais um acerto da gigante do streaming. Público conectado e engajado.

– Experiência do cliente (customer experience)

Por fim, não poderíamos deixar de falar sobre a jogada mais importante da Netflix: a atenção na experiência do cliente. Está claro que a vibe nostálgica, a cultura pop do século passado e a história pontual tornaram a série um dos maiores sucessos da plataforma. Mas esse não foi um tiro no escuro. 

Mapeando seus clientes, entendendo suas dores e necessidades, a Netflix além de oferecer entretenimento de alta qualidade, conseguiu emplacar campanhas atrativas para diferentes públicos, aumentando ainda mais o alcance e aceitação do serviço. E de quebra ainda proporciona uma experiência tão alinhada com a sua persona que o resultado inevitável é cliente satisfeito e sedento por mais.

Podemos ainda citar que a interação que a marca propõe ao usuário –  desde as formas de divulgação, presença ativa nas redes sociais e campanhas de promoção – está alinhada com os desejos e dores da sua persona, fazendo com que o cliente se reconheça naquela linguagem, proporcionando assim uma experiência completa como espectador e também como cliente. A consequência disso: clientes fidelizados e engajados com a marca/plataforma.

Conclusão

Depois dessa análise, podemos perceber que a gigante do streaming, conhecendo seu público alvo e entendendo suas necessidades, criou e produziu uma série certeira, dotada de referências coerentes e cheia de personalidade, com alcance expressivo e por isso se tornou um dos títulos de maior sucesso da Netflix.

Stranger Things é e sempre será um marco não só para o audiovisual, mas também para o marketing e a comunicação de forma geral. 

A construção de personagens, enredo, cenário e referências pontuais transformaram a produção em um sucesso e ensinaram uma das maiores lições que aprendemos dentro do marketing: conhecer a fundo o seu público e saber que tipo de conteúdo entregar são a chave para uma performance de excelência.

Compartilhe esse conteúdo (antes ou depois de maratonar a 4ª temporada)!

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